Uma rápida pesquisa no Google nos mostra que ser estagiário significa estar em um período
de prática supervisionada dentro de uma empresa ou organização, geralmente com o objetivo
de complementar a formação acadêmica e adquirir experiência profissional.
No início do estágio, entramos na organização ocupando uma posição geralmente considerada
inicial e de aprendizado. Trazemos na bagagem nossos conhecimentos teóricos, prontos para
serem colocados em prática, mas logo nos deparamos com a realidade: o clima organizacional,
os colegas de trabalho, as regras e toda uma dinâmica que já existia antes da nossa chegada.
Diante disso, é comum sentir medo de não se adaptar, de não agradar ou de não conseguir
contribuir. E então vêm dúvidas como: “E se não gostarem de mim?”, “Devo falar isso
mesmo?”, “Será que exponho essa ideia?”, “Será que peço ajuda?”. Questionamentos que,
muitas vezes, nos paralisam no processo de aprendizagem.
Pensando em como passar por esse percurso da melhor forma, podemos utilizar a
autenticidade como aliada. A autenticidade pode ser compreendida como a capacidade de uma
pessoa ser fiel a si mesma, aos seus valores e ideais. Autores da psicologia humanista, como
Carl Rogers e Abraham Maslow, já apontavam sua importância para o desenvolvimento
pessoal. Dentro da Teoria da Autodeterminação, o pesquisador Allen Wood descreve a
autenticidade como a consciência de si e de suas experiências, a consistência entre essa
consciência e os comportamentos, e a abertura para influências sociais (WOOD. et al, 2008
apud REIS; AZEVEDO, 2015, p.5). Portanto, a autenticidade não está ligada somente a agir de
acordo com os próprios ideais. Um grande fator também é a abertura: abertura a outros
olhares, a outras pessoas, ao aprendizado, a se deixar afetar por quem está ao nosso redor. E
estar aberto não significa abrir mão dos próprios valores, mas também poder revisitá-los.
Nas gerações anteriores, a carreira era vista como algo construído dentro de um único ramo ou
em uma única empresa, ao longo da vida toda. Hoje, podemos pensar a carreira para além das
organizações. Carreira é a nossa vida, podemos escolher ativamente quem queremos ser, e
revisitar essas escolhas sempre que necessário. Por isso, pensar na autenticidade é tão
importante: sem ela, corremos o risco de deixar que fatores externos moldem nossa trajetória,
sem realmente estarmos escolhendo quem queremos nos tornar.
Essa conceituação é importante porque o estágio vai além da simples aplicação prática de
conhecimentos acadêmicos. Ele é também um processo de crescimento pessoal, no qual
enfrentamos desafios, aprendemos com os outros e temos a oportunidade de nos
conhecermos melhor. Ao experimentar diferentes áreas, lidar com dúvidas e inseguranças, e
conviver com realidades diversas, vamos descobrindo o que faz sentido para nós. Nesse
percurso, a autenticidade se mostra essencial: é ela que nos permite fazer escolhas mais
conscientes, construir uma trajetória profissional alinhada com nossos valores e manter a
abertura para aprender e evoluir. Em um mundo em que as carreiras são cada vez mais fluidas,
sermos autênticos desde o início da jornada, como no estágio, pode ser o diferencial que nos
acompanha ao longo de toda a vida profissional.